terça-feira, 2 de novembro de 2021

O heavy metal que existe em mim

Quando escuto alguém falar que o “céu é o limite”, sou obrigado a discordar completamente. Para mim, o céu é o início do infinito, onde todas as coisas estão conectadas, algo que vai muito além da nossa linha de compreensão. Deixando a filosofia para falar sobre música, a cada dia que se revela diante de mim, ao menor movimento que faço no grande tabuleiro da internet, descubro uma nova banda de rock. mais legal de tudo isso é que são bandas relativamente jovens, com um futuro bastante promissor. Tenho encontrado pelo caminho muitas pessoas de um nível de altruísmo que beira o inacreditável, distribuindo conhecimento sobre música gratuitamente, enriquecendo a cultura daqueles que buscam se libertar das correntes oriundas da preguiça.


Carlos Chiaroni e Paulinho Heavy

Como premissa, foi através do Programa RMH (Rock, Metal e Hard), veiculado no YouTube e apresentado pelo Carlos Chiaroni e o Paulinho Heavy, que descobri a existência de diversas bandas. Cabe destacar o vasto conhecimento de ambos, parecem verdadeiros almanaques do rock. Recentemente eles gravaram um especial sobre Bandas da Suécia, além de trazerem detalhes sobre o Sweden Rock Festivalmegaevento anual que ocorre naquele país desde 1992. Era o que eu precisava para iniciar o garimpo para novas descobertas. Munido do pôster oficial do festival, iniciei as pesquisas e os resultados têm sido fantásticos.


primeira banda que apresento aqui é a “METALITE”, formada na Suécia em 2015, na capital Estocolmo. Escutei na íntegra o álbum “Heroes in Time”, que viu a luz do dia em 2017. Guiados pelo farol de um power metal melódico, a banda traz em sua formação a vocalista Emma Bensing, cuja participação resume somente nesse trabalho, enquanto que os demais músicos seguiram em frente com a Erica Ohlsson na voz. Achei curioso que todas as faixas iniciam com uma pegada eletrônica, rapidamente dissolvida em riffs de guitarras poderosos, com uma bateria afiadíssima e um vocal entrosado com uma sonoridade limpa e equilibrada dentro de cada música.


METALITE

Outra banda que fiquei bastante impressionado vem dos Países Baixos (ou Holanda, por assim dizer), é a “Within Temptation”, que está na estrada desde 1996, com uma produção instrumental de muita complexidade, onde cada detalhe é pensado com a paciência semelhante a um jogo de xadrez, mas com a intensidade de um trem europeu de alta velocidade e coberta de sofisticação. Escutei o álbum “The Unforgiving”, quinto disco de estúdio da banda, e posso dizer que fiquei realmente feliz com esse material. A faixa “Shot in the Dark” (nome repetido em 2020 em um single do AC/DC), é um convite para uma música de qualidade inquestionável. Tudo nessa banda funciona, nenhum instrumento é “atropelado” ou deixado para trás, assistir um show deles se tornou mais um item na minha modesta (e ousada) lista de desejos.


Within Temptation
Within Temptation

essas duas bandas estarão no Sweden Rock Festival, o que comprova a qualidade absurda que esse megaevento promete para 2022. Pelo tamanho do cartaz desse festival, é certo que eu vou me divertir bastante nas próximas semanas, já que descobri uma verdadeira mina de ouro do rock. E não é que os tentáculos do metal e suas tantas linhas me pegaram de jeito?! A vontade de começar a adquirir material dessas bandas é tanta que mesmo antes de terminar este texto, me vejo com diversas janelas do navegador de internet abertas pelas lojas especializadas.

Nos próximos encontros trarei a vocês outras bandas movidas pela minha insaciável curiosidade.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Descompromissos, cervejas e rock

Desde o meu último texto, escrito e levado ao ar há poucos diasfiz movimentos pouco onerosos para a minha mente. Isso não significa que não descobri coisas interessantes das quais faço questão de dividir neste espaço. Em comum nesse curto período foram as agradáveis degustações de cerveja, cada dia um rótulo diferente, não por capricho, mas consequência de um catálogo de ofertas no supermercado que considerei irrecusável. Quando se está desfrutando de alguns dias de férias, em tempos de exigências para o fiel cumprimento de protocolos sanitários e com algumas modalidades de vírus invisíveis soltos por aí, é uma tarefa difícil programar viagens ou mesmo passeios nessa tempestade de incertezas.

Keith Emerson, Greg Lake e Carl Palmer

Certa vez, lá pelos idos de 2020, fui convidado pelo baterista Marcelo Jorge a conhecer o trabalho do trio britânico “Emerson, Lake & Palmer”, que traz em seu catálogo clássico uma mistura de rock progressivo com rock experimental, mas produzido com um requinte sinfônico, sei lá, não consigo classificar em apenas um gênero, o que mais gosto é o perfeito trabalho dos teclados (Keith Emerson - 1944-2016), produzindo um som limpo, sem outro instrumento competindo pelo mesmo espaço dentro da música. Estou em processo de descoberta dessa banda, tentando criar empatia, me transportando para aquele tempo e assim poder usufruir da melhor sensação possível a obra deles.

Falando em descompromisso, mas sem qualquer sinal de desídia, só o fato de poder fazer as coisas sem uma sequência necessária por esses dias de descanso, me permitiu conhecer outras maneiras de explorar novos universos. E saindo de um filme de guerra, absorvido diante de questões históricas, entrelaçadas entre realidade e ficção, me volto para um álbum da banda ELP chamado “Love Beach”, lançado em 1978. O meu destaque fica por conta das faixas “For You”, uma melodia pra lá de linda e a épica “Memoirs of an Officer and a Gentleman”, com mais de vinte minutos de duração. Descobri que esse álbum foi concebido sob forte imposição da gravadora e que os músicos careciam de criatividade naquele momento, devido ao cansaço físico e mental (afirmado por Emerson Lake numa entrevista anos mais tarde, em 1986). Mesmo tendo ficado um álbum distante se comparado às obras-primas lançadas na primeira parte dos anos 70, as faixas de "Love Beach" não deformam a boa reputação conquistada pela banda.

Falando um pouco sobre as cervejas, quem me conhece sabe com propriedade o meu amor pelas produzidas à base de trigo, são disparadas as favoritas do meu paladar. Mas também aprecio as amargas, passando tranquilamente pela zona de segurança da holandesa Heineken e aos poucos emprestando confiança à recente chegada da alemã Beck’s. Sobre as de trigo, tenho que exaltar com satisfação a Patagonia Weisse, produzida pelos nossos hermanos argentinos, a inspiradíssima belga Hoegaarden, que é produzida aqui no Brasil, além da encorpada Blue Moon, também da Bélgica, mas que só compro quando a promoção é muito boa, já que não tem um preço tão convidativo assim. E tomar uma cerveja dessas enquanto escuta um bom rock n’ roll é uma verdadeira cartase.

Não vou encerrar a conversa sem trazer outra banda de peso, também dos anos 70, com qualidade que me faz refletir em como tudo aquilo era possível diante da ausência dos recursos tecnológicos que temos atualmente. Os canadenses do Bachman Turner Overdrive são o verdadeiro retrato da receita do rock n’ roll conservada dentro de uma garrafa, lançada ao mar e descoberta algumas gerações posteriores. Surgiram em 1973 logo com dois álbuns, ambos levam o nome da banda, com o BTO I lançado em maio e o BTO II chegando no final de dezembro daquele ano. Dentre as músicas que mais gosto cito “Hold Back The Water” e “Blue Collar”, do primeiro álbum, e “Stonegates” e “Takin’ Care Of Business”, essa última um dos maiores sucessos da banda.

Entre um intervalo e outro, principalmente quando acabo de escutar um álbum ou uma boa miscelânea de grandes nomes do rock, faço minhas reflexões e fico rememorando muitas coisas, como a época quando entrei em contato com a música. Foi nos anos 2000, quando tinha 15 anos, para muitos uma idade tardia, mas comigo foi dessa forma, o rock entrou pelos meus ouvidos, sacudiu meu cérebro e conquistou o meu coração. E hoje estou retratando esse ótimo relacionamento de mais de 20 anos, já que o velho rock n’ roll me trouxe não apenas música, no mesmo pacote vieram novas amizades, descobertas e oportunidades. Sou grato.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

O peso da escrita

Quando eu escrevo, penso bastante em cada palavra, principalmente pela preocupação em escrever coisas verdadeiras, citar fatos concretos e deixar bem claro o momento em que passo para o campo da minha opinião, pois esta não é baseada necessariamente pelo posicionamento de um conceito pré-definido, é o espaço da minha percepção para aquilo que estou avaliando e a partir daí o caminho está totalmente aberto para aqueles que concordam, discordam ou se abstém de tomar posição, tudo perfeitamente bem-vindo no universo democrático. Quando eu abordo sobre determinada banda ou artista, estou colocando em questão os pontos que me motivaram a dividir com as pessoas o que despertou o meu interesse, não significa que eu não gosto de falar sobre outras bandas que não entraram naquele prisma. Se eu falo sobre Deep Purple, é simplesmente porque estou falando sobre Deep Purple, não é uma mensagem subliminar de que estou evitando outra banda ou negando qualquer outra coisa. Se eu puder e tiver saúde mental para escrever sobre o máximo de bandas possíveis, pode ter certeza que o farei com o maior prazer, a minha ideia é difundir o rock através das minhas modestas percepções e estimular a curiosidade das pessoas.

Recentemente tive contato com diversas bandas de um cenário mais distante das grandes mídias, ou seja, foi através do trabalho de pesquisas e mais pesquisas que encontrei esses trabalhos. E a experiência, válida por si só independente do resultado, foi positiva mais uma vez. Bandas como Night, por exemplo, merece ser trazida à luz do dia. Não estou me referindo à banda formada em Los Angeles em 1978 e que possui dois álbuns em sua discografia, mas sim da versão homônima criada na Suécia em 2011 e que produz um hard rock e heavy metal com distinta qualidade. Em 2020 eles lançaram o álbum “High Tides – Distant Skies” que oferece um som equilibrado (sem alternância de momentos bons e regulares ou ruins). Me agradou bastante a ponto de eu comprá-lo em versão “jewel case” no site brasileiro da Hellion Records (www.hellion.com.br).


Outra banda que tive a oportunidade de descobrir vem da Áustria, a Küenring, formada em 2010. O meu primeiro contato com eles foi exatamente pelo final, através do último álbum lançado, o “Neon Nights”, que chegou ao mercado no final de abril de 2021. Eles correm por algumas vertentes dentro rock, passando pelo hard rock, speed metal (preciso entender melhor essa definição) e o heavy metal. Até agora não encontrei solução rápida para adquiri-lo, o caminho provavelmente será comprar através do site oficial da banda, cuja primeira prensagem encontra-se esgotada. Nos encontros futuros aqui no blog falarei mais a respeito da banda e desse ótimo trabalho lançado, com linhas de vocais e guitarras bem definidos, captando facilmente a atenção do ouvinte. Como aperitivo, pesquisem a faixa “Demon” desse álbum, começa com violões e termina com um contagiante trabalho de guitarras.

Para quem gosta dos anos 80 e não abre mão dessa década por nada deste mundo, trago uma banda de um disco apenas, mas que entrega logo de cara um material digno de continuidade, pena que o projeto não seguiu em frente. Trata-se a banda britânica Jagged Edge, com o álbum “Fuel For Your Soul”, lançado em 1990. Formada em Londres, eles enquanto unidade tiveram vida curta dentro do rock, mas deixou sua marca com um glam rock digno de resenhas e que não pode ser esquecido. Conheci essa banda depois de ver uma postagem do Grey Robinson, roqueiro de Birmingham, no Instagram. Tanto que a foto que utilizo foi extraída da página dele. E aqui deixo registrado o meu agradecimento e gratidão.

Me disseram que os textos para blogs devem ser curtos, pois as pessoas não chegam até o final, seja por falta de tempo, preguiça ou qualquer outra razão. Momento que peço licença para discordar, quem está interessado em conhecer mais sobre algo vai até o fim, mesmo que seja para discordar integralmente depois. Não pretendo reduzir meus textos para alcançar possíveis leitores que “passam os olhos rapidamente” pela página, essa não é e nunca foi a intenção das publicações dos meus textos. E dessa forma eu fico por aqui, mas com a garantia de que em breve trarei novidades, existe muito rock sendo criado por aí, o planeta guarda muitos segredos, o meu (nosso) desafio será descobrir essas preciosidades. Que os riffs de guitarras guiem os nossos passos para novas descobertas!

quinta-feira, 22 de abril de 2021

A conversa continua e o assunto é Wishbone Ash

Quando eu quero escrever sobre rock, sou imediatamente surpreendido, me deparo com coisas inacreditáveis dos anos 1960 e 1970, penso em parar com os devaneios escritos me deleitar com as bandas que acabaram de entrar no meu caminho. Às vezes me considero um tanto atrasadoentendam isso como “desprovido de mais curiosidade”, culpa exclusivamente minha por me conformar com o alcance “visível” das sugestões padronizadas da tela inicial do YouTube, que é baseada numa série de combinações que não faço a menor ideia de como funciona. Felizmente esses anos de letargia acabaram, consegui com muito custo atravessar a cachoeira.

A partir desse momento, um novo capítulo surge diante de mim, parece que estou num sonho, nele as bandas de rock, heavy metal, rock progressivo, funk e primos dessas linhas interagem, conversam animadamente, arrumam suas confusões inerentes da rebeldia, se harmonizam nos momentos que as guitarras “gritam”, são regidos por pesadas baterias e as cordas do baixo são como arames farpados em que os dedos de seus mentores raspam como se quisessem tirar a ferrugem com seu próprio sangue. Na mesma toada uma enxurrada de bandas tocam seus melhores acordes e algumas delas recebem o passe livre para atravessar a mesma cachoeira da qual eu vim, mas seguindo o caminho inverso, invadindo o mundo comum.

Tive o privilégio de ser agraciado com trabalhos incríveis, uma banda inglesa que chamou logo de cara a minha atenção foi a Wishbone Ash, com o álbum “Argus”, de 1972. Os caras possuem alcancealienígenas, sei lá, não consigo encontrar outra explicação que não seja uma espécie de “ajudinha” extraterrestre, só isso me convence para tamanha compreensão musical naqueles anos. A tecnologia esbarrava nos limites tímidos da época enquanto eles enxergavam o futuro a olho nu! Impossível! Mas era possível, é como se eu jogasse uma lupa sobre o passado e descobrisse nas quase imperceptíveis miudezas segredos que ficaram para trás e hoje valem milhões de batidas compassadas no meu coração.

Pontuando o trabalho contido no belíssimo disco “Argus”, escutem a faixa “Sometime World” (Ás vezes o mundo), você se perguntará se a execução da guitarra solo foi feita por mãos puramente humanas. E mais do que isso, o diálogo dessas guitarras me impressiona. Em “The King Will Come” (O Rei chegará) tem uma levada instrumental limpa, gostosa de ouvir, uma curta passagem é contada na letra, com repetição de longos refrões. O álbum possui somente 7 faixas e todas são ricas em qualidade instrumental, provando que é possível gravar um excelente disco com poucas faixas. Destaco também a música “Leaf and Stream” (Folha e Riacho), que apresenta uma história de reflexão com o testemunho in loco da natureza. A dúvida que fica: trata-se de um sonho ou realidade? Essa fica para a assimilação de cada um…


Informações adicionais:

Andy Powel – guitarra solo e vocais

Ted Turner – guitarra solo e vocais

Martin Turner – baixo e vocais

Steve Upton – bateria


Faixas do álbum Argus:

1. Time Was

2. Sometime World

3. Blowin’ Free

4. The King Will Come

5. Leaf And Stream

6. Warrior

7. Throw Dowb The Sword

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Para ser bem franco com o vocês, esse foi até o presente momento o primeiro e único trabalho que conferi da banda (para efeito de curiosidade, Argus é o terceiro álbum deles). Eles possuem uma extensa discografia, com mais de 30 discos de estúdio lançados e ainda estão na ativa. Podem ter certeza que em breve voltarei aqui para trazer outros discos do Wishbone Ash, que sem dúvidas tem uma importante, rica e essencial presença eternizada na história do rock. Existe a versão remasterizada desse disco, lançado em 2002, que conta com quatro faixas bônus, sendo três delas execuções ao vivo.

Nos trabalhos de bastidores, enquanto escrevia o texto, deixei o disco tocando, aproveitando o agradabilíssimo som enquanto as linhas acima eram preenchidas com meus rascunhos mentais. Minhas fontes de pesquisa foram o Wikipedia (somente para os nomes dos integrantes), que tratei prontamente de ratificar isso com outras fontes da internet, para não incorrer em equívocos, evitando-se assim trazer informações erradas. Para o próximo encontro, estou com vontade de falar sobre o trabalho solo de Dave Evans (primeiro vocalista do AC/DC) ou talvez eu apresente a vocês alguma banda obscura dos anos 70. Bom, ainda não sei, nos vemos em breve!

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Swedish Erotica, que banda é essa?

Olá amigos, escrever sobre música tem se tornado um ofício muito prazeroso para mim, pois gosto de descobrir bandas de rock e mais que apreciar os novos achados, dividir com vocês só aumenta a minha responsabilidade em realizar de pesquisas objetivas com o intuito de trazer conteúdo de alta qualidade e assim continuar nessa auspiciosa missão de difundir o bom rock n’ roll clássico como também suas vertentes. O maior desafio que tenho encontrado é apresentar bandas pouco conhecidas no radar brasileiro, principalmente aquelas que tiveram um curto período de atividade.

banda Swedish Erotica entrou no meu caminho há pouco tempo, mas cativou os meus sentidos para música desde o início, com acordes “farofentos”, que para mim não passa de um termo insípido para se referir a trechos ritmados e que revelam interessante sintonia do arranjo da banda de modo geral. Em outras palavras, são músicas com boas chances de serem bem-vindas nas rádios sem um filtro tão exigente de elementos que comprovem verdadeiramente sua qualidade. Bem, esse grupo sueco foi formado em 1985 e permaneceu ativo até 1996. Falarei sobre o álbum que leva o mesmo nome da banda, lançado em 1989, pela gravadora britânica Virgin Records.

A abertura do disco fica por conta da poderosa “Rock N’ Roll City” (Cidade do Rock N’ Roll”), que tem uma introdução bem oitentista e já cita na primeira estrofe nada menos que Keith Moon, ex-baterista da banda The Who, que faleceu em 1978. Outras estrelas do rock são mencionadas ao longo da música, como John Lennon, Buddy Holly, Jim Morrison, Jimi Hendrix entre outros. Mas tudo não passou de um sonho do nosso protagonista que dormiu no volante. As guitarras estão ótimas nesse som e o vocal é intensamente agradável.

A faixa intitulada “We're Wild Young and Free” (Nós Somos Loucos, Jovens e Livres) é como um grito de liberdade, onde jovens clamam por novos tempos, enfatizando que as ditaduras fazem parte do passado, com uma bela citação ao ator James Dean (1931-1955), famoso pelo filme Rebel Without a Cause” (Juventude Transviada), de 1955, onde interpreta o problemático Jim Stark. Destaco o ótimo trabalho de vocais de fundo, um coro muito bem delineado, para mim o trecho mais grudento de todo o álbum.

Em “Hollywood Dreams” (Sonhos de Hollywood) os acordes de violão são precedidos do silêncio e uma pesada respiração que protagonizam e deixam as guitarras em segundo plano, sinto muito, mas dessa vez nem a bateria conseguiu fazer frente. A banda novamente lança mão de coros bem executados para “You might get nighmares livin’ out all your Hollywood dreams” (Você pode obter pesadelos vivendo todos os seus sonhos de Hollywood). A letra faz referências para quem anseia debutar e se estabelecer num dos epicentros mais importantes do cinema mundial, sugerindo atenção para eventuais miragens.

Em “Downtown” (Centro da Cidade) até Bon Jovi faz parte da festa, a música tem nos seus quase quatro minutos muito alto-astral e espaço zero para gente desanimadaA contagem regressiva inicial é somente para preparar o grito entalado na garganta de “Party all night, rockin’ all night” (Festa a noite toda, rock a noite toda). O trabalho instrumental é muito equilibrado, mas destaco os vocais, algo neles faz a música não sentir o peso dos mais de trinta anos desde o lançamento, como se não envelhecesse.

Capa do álbum de estreia

O disco conta com um total de 12 faixas, sendo a última uma versão acústica de “Hollywood Dreams”. Eu não tenho (ainda) a versão física, mas pretendo adquirir em breve, e quando isso acontecer trarei fotos para vocês. Por enquanto, apresento algumas imagens obtidas na internet. Antes que me perguntem eu já antecipo a responder que “sim”, eles são uma banda que logo de cara é possível notar o “cheiro” comercial, não à toa muitas menções a artistas consagrados são feitas em várias músicas. Entretanto, não vejo mal algum nisso, desde que a produção seja honesta e eficiente para quem aprecia um bom trabalho.

Outro ponto que faço questão de observar é com relação ao nome da banda. Infelizmente “Swedish Erotica” é um nome bem genérico e quando realizei pesquisa para conhecer o trabalho deles, muitas referências eróticas surgiram na primeira página de pesquisa. O primeiro nome da banda, lá nos idos de 1985 era “Swedish Beauty” (Beleza Sueca), mas não durou muito e “Erotica Sueca” (tradução livre) acabou sendo a ideia que permaneceu e repercutiu por todo o trabalho conhecido até o presente momento. Fica aqui o meu alerta para evitar que o garimpo dessa banda seja realizado ao alcance de crianças e mesmo a menores de idade (adolescentes)grande parte do resultado das pesquisas feitas com as palavras-chave Swedish+Erotica é expressamente inapropriado.

Da esquerda para a direita: Morgan Le Fay, Magnus Axx, B.C. Strike, Matt S. Levén e Johnny D' Fox (deitado)

Integrantes:

Matt S. Levén - vocais principais, vocais de fundo, teclados
Magnus Axx - solo, ritmo e guitarras acústicas, vocais de fundo
Morgan Le Fay - solo, ritmo e guitarras acústicas, vocais de fundo
Johnny D' Fox - baixo, vocais de fundo
B.C. Strike - bateria, vocais de fundo

Faixas:

1. ROCK’ N’ ROLL CITY

2. LOVE ON THE LINE

3. WE’RE WILD, YOUNG AND FREE

4. HOLLYWOOD DREAMS

5. LOVE HUNGER

6. LOVE ME OR LEAVE ME

7. DOWNTOWN

8. SHE DRIVES ME CRAZY

9. LOADED GUN

10. RIP IT OFF

11. BREAK THE WALLS

12. HOLLYWOOD DREAMS (versão acústica)

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Bom pessoal, vou ficando por aqui, espero que tenham despertado interesse em conhecer o trabalho da Swedish Erotica e que as músicas deles causem em vocês o mesmo prazer que me proporcionou ao escutá-los. Voltarei em breve comentando sobre outra banda, sempre pincelando minhas impressões e dividindo com vocês.

Minhas fontes de pesquisa: páginas da web Wikipedia (para conhecer um pouco sobre a história da banda) e Metal Music Archives (nomes dos integrantes). O restante escrito no texto acima foram desenvolvidos pela minha pequena e essencial massa cinzenta – risos

domingo, 14 de março de 2021

Conversa sobre música e passado

Aqui estou novamente para conversar sobre rock, pensei em vários assuntos, mas só espero mesmo que as linhas a seguir sejam bem aproveitadas. O momento mundial não permite uma “conversa de bar”, talvez a ideia de um quarto ou uma sala para, individualmente, a prosa ser desenvolvida de maneira virtual com outras pessoas (felizmente a tecnologia permite certas adequações). Bom, quando eu chegar ao final dessa tentativa de reunir algumas ideias sobre música, talvez eu reveja a direção do farol desta postagem. Só para pontuar o que escrevi acima, dificilmente vou a bares só para conversar, o som ao vivo da noite é que me estimula a sair ou não de casa.

Dusty Springfield e Paul MacCartney, em 1964

Estou escrevendo este texto direto do conforto do meu quarto e com mais ninguém senão o meu espírito inquieto sendo brindado pela garrafa de “Casillero del Diablo” que acabei de tomar nesta bela tarde de terça-feira (dia 09 de março de 2021). É fácil e muito prazeroso falar de AC/DC, KISS, The Rolling Stones e Aerosmith ou qualquer outro espectro com qualidade de som e imagem que possa captar a atenção de modo a mudar ou envolver os rumos da intenção musical de alguém. Bandas que surgiram entre os anos de 60 ou 70 e até hoje seguem firmes como alicerces inquebrantáveis de qualquer boa discografia particular.

O meu desafio é mais ousado, peço que você continue se deleitando dessas ótimas bandas de rock aclamadas pelo tempo do século passado e que transita tranquilamente por nossos dias presentes. Penso ser oportuno que o seu leque seja um pouco mais aberto a bandas menos “conhecidas” e que merecem ser descobertas, lembradas ou revividas. É o caso, por exemplo, dos norte-americanos “Mark Farner & Don Brewer”, com o álbum Monumental Funk, de 1974 ou os canadenses do “Spring Fever”, com o disco Woodstock, de 1970. Menciono também a banda “Poobah”, também dos Estados Unidos, debutando com o álbum Let Me In, de 1972.

Alguns dias se passaram antes da minha retomada por aqui (estamos no dia 13 de março de 2021), só espero que sua atenção comigo siga mais um pouquinho adiante. Conheci há pouco tempo a encantadora Dusty Springfield, com o pop soul envolvente do disco See All Her Faces, de 1972. Pode parecer proposital, e de certa forma acabou por ser essa a intenção, mas para cada grande e consagrada banda que eu citei neste texto, trouxe à luz outras descobertas “arqueológicas” que considero valiosas e imprescindíveis para qualquer apreciador de boa música.

Entendo e aceito sem qualquer objeção que existem muitos programas que facilitam a vida das pessoas com listas automáticas, aleatórias ou criadas com poucos cliques, mas é importante que você não perca a curiosidade em vasculhar e assim descobrir coisas que estão lá para serem encontradas e que se ninguém for atrás, elas continuarão cada vez mais distantes, estando palpáveis somente para um pequeno contingente de audaciosos. Em outras palavras, saia momentaneamente da sua zona de conforto para depois retornar com novidades e assim ser uma pessoa cada vez mais interessante, com recursos e possibilidades.

Ainda sobre o álbum See All Her Faces, sugiro a belíssima “Yesterday When I Was Young”, traduzida e adaptada na versão em inglês por Herbert Kretzmer do original francês “Hier Encore”, de 1964, que foi escrita e interpretada originalmente por Charles Aznavour (1924-2018), emprestada na linda voz de Dusty Springfield, que traz um arranjo instrumental dirigido pela orquestra do renomado Peter Knight (1917-1985). Em 1972 ainda não existia o CD, essa versão foi relançada nesse formato em 2002, porém, é extremamente difícil de encontrar, as poucas unidades que localizei (usadas) são oriundas do site Discogs e com valores que superam os duzentos reais.

Bom, a conversa não se esgota aqui, porém eu preciso terminar o texto – risos. Voltarei em breve, sem avisar, para trazer mais tesouros perdidos do universo da música. Quem nunca se imaginou vestindo o espírito inquieto de um “Indiana Jones” e se aventurando à caça de trabalhos musicais ou de outra ordem cultural que foram feitos com muito amor e profissionalismo, considerando os meios disponíveis da época em que foram idealizados e que são capazes de atravessar gerações sem perder o brilho e eternizar momentos?

Obs.: estou satisfeito pela direção que as linhas acima tomaram, portanto, não farei alterações no farol que norteou as minhas considerações aqui afirmadas e sugeridas.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Minha relação com os anos 70

minha ignorância foi intensamente invadida pelas diversas coisas que eu descobri nas últimas semanas. Estou falando de música, sim, música que traz a tal paz interior dos seres que se refugiam nela. Quanto mais eu uso a minha pequena enxada, mais “minhocas” saem da terraNão sou especialista em música, não sei diferenciar com precisão cirúrgica as guitarras, os teclados e outros instrumentos que as bandas utilizam para produzir esse ou aquele tipo de som, em contrapartida, consigo sentir e por mais que eu tente, não consigo traduzir a avalanche de sentimentos que a música causa no meu íntimoComo explicar a alguém o que eu sinto quando o acorde de uma guitarra provoca um disparo em meu coração? Qual a chance de você compreender o arrepio que o alcance vocal de um determinado intérprete proporciona em mim? A música tem seus mistérios, quando uma banda lança um novo álbum, nem todos vão gostar, haverá gente inclinada a criticar para atrair mais leitores, é como se o roteiro já tivesse sido escrito antes mesmo do material ser lançado. Juro que estou acostumado com isso, música para mim é um prazer e não um meio para subsidiar meu passaporte na sociedade.


Hoje escutei um álbum chamado “Wild Child” (Criança Selvagem), lançado em 1973, de uma banda dinamarquesa dos anos 60. A banda se chama “The Savage Rose” (A Rosa Selvagem). O que me assusta é não saber ao certo se sou ou estou por demais ignorante com o impacto que um material produzido em 1973 me causou ou se perdi tempo demais na minha curta existência a partir de 1984 para descobrir a existência de pessoas que formaram uma banda com ideias à frente de seu tempo. A minha incredulidade é momentânea, pois a medida que minha curiosidade se torna irritante, vou percebendo minha incúria mental por coisas que sempre estiveram ali, mas que por qualquer razão superficial eu não fui capaz de identificar. É como um livro para colorir, se ninguém for lá e dar vida para aquelas figuras, independente do traçado, o inanimado jamais ganhará vida. Estou apenas na “ponta do iceberg”, não tenho ideia do que ainda está por vir.


que escrevo aqui são pensamentos que volta e meia respiram silenciados nos campos do meu subconsciente, reflexões que ousei registrar por escrito devido ao transbordamento inesperado de descobertas que surgiu diante de mim. Já ouviram falar em Carmen Maki? Uma cantora japonesa de voz poderosíssima que deixou os anos 70 marcados para sempre com a imensa contribuição das bandas Blues Creation e Oz. Devo arriscar a perguntar sobre a banda norte-americana Bloody MaryEngraçado, para não dizer inquietante, o fato de mal sabermos com conhecimento de causa o número de bandas que debutaram ou mesmo as já consagradas que lançaram material no último ano, que dirá possuirmos a destreza de tentar encontrar respostas para o que se passou na década de setenta dentro do universo do rock, blues, hard rock, metal, rock progressivo e tantas outras linhas de músicas bem trabalhadas.

Citei algumas bandas só para começar, o meu blog será uma opção de entrada para registrar e dividir o universo que estou descobrindo. Uma espécie de bloco de notas onde farei alguns rascunhos. Quero deixar claro que não desdenho de um futuro promissor, mas é interessante poder andar para frente sem deixar que o passado se afaste. O passado não é um livro totalmente aberto como muitos pensam, ainda existem enigmas para serem decifrados, as músicas são bons exemplos disso. Por que muita gente argumenta que não se faz músicas como antigamente? Difícil de responder, as teorias são muitas! No momento em que encerro este modesto artigo, me sirvo da ótima companhia do álbum “Playmates” (1977) dos britânicos do Small Faces.

Bom meus amigos, vou parando por aqui mas com a promessa de falar mais sobre as bandas que mencioneiA garrafa do bom vinho francês “Domaine de La Motte” já está no fim e a minha intenção é findá-la com a mesma leveza do som que toca a minha alma.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Minha opinião sobre o Power Up!

Quando fiquei sabendo que o AC/DC lançaria um novo álbum, ondas de ansiedade e expectativa tomaram conta dos meus pensamentos. Podem entender como picos de alta voltagem (alguns entenderão – risos). Comecei a acompanhar a banda tardiamente, devia ser 2015 ou 2016, no alto dos meus 30 anos de idade, não me lembro ao certo. De qualquer forma, não penso que gostar de AC/DC tenha muito a ver com idade, fato é que me considero um privilegiado ter pleno acesso ao trabalho deles e viajar diante da maravilhosa discografia da banda. E assim surgiu o Power Up, representando o décimo sétimo álbum de estúdio dos caras e lançado mundialmente no dia 13 de novembro de 2020.


A notícia desagradável foi saber que não haveria lançamento da mídia física no Brasil. A negativa pela edição nacional tem uma explicação simples: a Sony Music iniciou em 2020 um processo de encerramento das atividades no mercado fonográfico nos países da América Latina. Apesar disso, existem diversas formas de obter o disco, seja pela internet através dos sites gringos, pelo Mercado Livre do Brasil e outros portais online que realizam o serviço de importação. Enquanto escrevo sou contemplado com a audição do disco através de headphones. Vale lembrar que a banda disponibilizou gratuitamente todas as músicas desse álbum no canal oficial do YouTube.

Estamos falando de uma banda que surgiu nos anos 70, portanto, é difícil exigir o mesmo vigor de artistas que já são setentões! Meu argumento também não serve de anteparo ou muleta para justificar e encobrir trabalhos ruins, que felizmente não é o caso do Power Up. Aqui temos uma homenagem ao guitarrista Malcolm Young, um dos integrantes originais da banda que faleceu em 2017. Na formação atual, a mais clássica possível temos: Angus Young nas guitarras, Brian Johnson de volta nos vocais após um período sombrio (era dado como carta fora do baralho em 2016 após ter recebido o diagnóstico de um problema auditivo considerado irreversível), Phil Rudd na bateria, isso após ter acertado pendências na justiçaCliff Williams de volta no baixo (o próprio havia anunciado aposentadoria no final da turnê “Rock Or Bust”) e o Stevie Young na guitarra rítmica, ocupando lugar do tio falecido.

Feitas as devidas introduções, vamos falar sobre o disco, que para mim é nota 8 tranquilamente. Diferentemente dos comentários que eu vi por aí, o material produzido está longe de ser razoável, ao contrário, possui a mesma pegada característica que levou a banda a ser uma das melhores da história do rock. Confira abaixo as minhas impressões de cada música que integra o álbum Power Up:

1. Realize – faixa que abre o disco com o Brian Johnson soltando a voz logo de cara, com um ótimo trabalho na guitarra rítmica do Stevie Young, além dos vocais de apoio atuarem em diversos momentos. Phil Rudd mostra que está em ótima forma ao reassumir o seu lugar de direito. Já tá imaginando o Angus Young correndo de um lado para o outro com sua guitarra elétrica? Eu sim!

2. Rejection – a única música que supera os quatro minutos já começa com uma intimação seguida de um aviso nada amigável: É melhor você me dar o que eu quero” “Ou eu vou bater em você”. Angus tem tempo suficiente para desenrolar seu solo, a bateria de Phil Rudd demonstra “respeito” e atua o tempo inteiro balizando o trabalho das guitarras, atingindo um resultado satisfatórioSom consistente, mas pressinto que será pouco executada ao vivo.

3. Shot In The Dark – primeiro single do álbum, lançado no dia 7 de outubro de 2020. Fez muito sucesso por várias razões, principalmente pela curiosidade planetária de conferir um material inédito da banda. Traduzindo ao pé da letra o título da faixa, não sei de onde veio esse “Tiro No Escuro”, mas que foi certeiro, isso não resta a menor dúvida. Temos aqui um Brian Johnson revigorado, nem parece que tem 73 anos de idade. Voz impecável.


4. Through the Mists of Time – uma das músicas que eu mais gosto no álbum, todos os instrumentos estão equilibrados e firmes, ainda mais com frases do tipo “Ouça o sussurro do redemoinho” ou “Tem cavalos negros no meu sono”, essa faixa poderia compor tranquilamente a trilha de algum filme. Nos segundos finais, já com o som sendo encerrado (sem prejuízo algum, só coisa de gente perfeccionista), percebi uns ruídos, inicialmente achei que fosse defeito na minha mídia, mas aí fui conferir no canal oficial da banda e lá também apresenta isso. Será proposital?

5. Kick You When You're Down – em vez de chutar, que é o que trata o título, eu achei que a música fosse explodir já nos primeiros acordes. Sinalizada pelos riffs de guitarra numa espécie de contagem com a tradicional bateria “seca”, me agradou essa entrada. O solo do Angus é curto, mas resgata uma energia oitentista nostálgica, de rock n’ roll sem frescura. Talvez a letra não faça muito sentido para nós, mas isso não é tão necessário quando o forte do Angus é fazer da guitarra um instrumento cortante e altamente perigoso para pessoas que tem dificuldade em assimilar o bom e velho rock.

6Witch’s Spell – não entendi muito bem essa história de bruxas, mas deve fazer algum sentido para o imaginário criativo do Angus. O tempo que o Brian Johson ficou ausente da banda fez bem não só para a recuperação do seu problema auditivo, mas para as suas cordas vocais! A potência da sua voz se fez presente durante a faixa inteira, não deixou nenhum instrumento sobrepor. Stevie e Angus harmonizaram muito bem suas guitarras. Phil Rudd seguiu a “receita pronta”, só acompanhou com sua bateria e o resultado ficou “mais do mesmo”, ou seja, do jeito que os fãs gostam!


7Demon Fire – o rock do AC/DC dos velhos tempos revive nessa faixa literalmente flamejante. Me fez lembrar “Whole Lotta Rosie” (inaugurada na fase ‘Bon Scott’)com Brian Johson mandando ver num vocal “endemoniado” e ao mesmo tempo cativante. Para mim a faixa mais acelerada e que me trouxe lembranças de qualquer coisa que a banda fez entre o fim da década de 70 e primeiros anos da década de 80. Essa música tem de tudo, solo de guitarra envolvente, vocais de apoio e bateria pesada praticamente ininterrupta que segura a faixa do início ao fim. Eu precisei apenas dos vinte segundos iniciais para me amarrar nesse som!

8Wild Reputation – provar inocência numa cidade pequena é o tema dessa faixa. Refrão pegajoso (afinal, não é isso que as rádios gostam?), com um solo de guitarra bem alto e prazeroso para deleitar. Temos a guitarra rítmica num tempo ligeiramente atrás e meio que imitando o Angus, até o nosso guitarrista com rodinha nos pés saltar para algo novo e deixar a base de apoio de lado. A bateria é secundária e bem cadenciada, quase não prestei atenção nela, a faixa é a mais curtinha do disco, com menos de três minutos. Vai pegar todo mundo de surpresa se ela for encaixada num eventual BIS dentro de um show da banda.

9No Man’s Land – os vocais de apoio repetiram a frase “Terra de Ninguém” durante a música inteira. E a história de explorar um território aparentemente desconhecido a partir de uma viagem de trem sugere muitas descobertas (ou será tudo um sonho?). De fato, ninguém assumiu o protagonismo nessa faixa. Vislumbrei o Brian Johnson tentando progredir a um ritmo mais intenso, porém a melodia não concedeu essa permissão, o Angus mostrou-se mais comedido e determinado a seguir por igual com os demais instrumentos.


10. Systems Down – mais uma faixa potente, não tinha como ser diferente para abordar altas temperaturas, chamas e explosões. “Sistemas Falidos” é um som pesado, bem que essa faixa podia ter mais de quatro minutos, para que as guitarras pudessem ter mais tempo de execução. Gostei dessa pegada, mas não quero ficar com a impressão de que todas as músicas têm que apresentar vocais de apoio, principalmente se forem num tom mais alto que a voz principal. Phil Rudd tem uma maneira de conduzir sua “cozinha” que me deixa completamente satisfeito. Ele não precisa protagonizar nada, o que ele faz é tão importante quanto os limões para uma limonada.

11. Money Shot – uma faixa que começa com a frase “Sentindo o clima do rock n’ roll” não tem como dar errado. Esqueça o restante da letra, não por ser ruim, segue o padrão regular do rock. O importante aqui são as guitarras, elas me fizeram fechar os olhos e simplesmente saborear os prazeres da ótima execução. Baita som gostoso de curtir, contagioso e que mostra um AC/DC distante do fim. Engraçado que muita gente fez a leitura de que o material do “Power Up” consiste em sobras de outros trabalhos da banda, acho muito leviano darem essa narrativa. O material produzido não foi engavetado por ser inferior, interpreto que a banda deu prioridade a outras faixas que produziam mais sentido para eles na época.

12. Code Red – gostei dessa faixa pela complexidade de tudo nela, letra, execução intervalada da bateria, guitarra pesada e sem a necessidade de ser acelerada. Na minha opinião não é uma música fácil para show, estou curioso para ver como soará ao vivo. A voz do Brian Johnson está intensa e provocativa, ele transmite segurança para o time, sabe exatamente como atingir notas altas nos momentos certos. Imagino que se depender do Angus e sua guitarra a música ficará mais longa em, pelo menos, uns bons dois minutos ou mais durante os shows.


Não pensem que me esqueci do grande baixista Cliff Williams, sua presença é onipresente em todas as músicas, mas não tem nenhum momento específico em que ele ficou no comando das ações no primeiro plano sonoro. Não é porque o baixo não saltou aos ouvidos que a atuação dele foi menos importante. Conforme informações recentes, ele deixou claro que fará parte da turnê de divulgação do novo álbum, marcando presença em shows pontuais, que devido a problemas de saúde, infelizmente não conseguirá manter-se na estrada por longos períodos.

Em última análise, para quem nunca escutou AC/DC na vida (quase impossível encontrar alguém nessa condição, certo?) o álbum Power Up é um ótimo trabalho de rock n’ roll que aquecerá o espírito roqueiro desse indivíduo. Já para quem acompanha há banda desde os primórdios, é um trabalho digno da rica discografia da banda e que ganha um peso diferenciado por se tratar de um tributo ao Malcolm Young, uma das pessoas que tornou tudo isso possível lá nos anos 70.