sábado, 11 de outubro de 2025

A Mulher na Cabine 10 (2025)

 

Para quem gosta de mistério, esse filme garante um bom programa para o final de semana, já que reúne bons elementos detetivescos ao longo da trama. A primeira coisa a se fazer é não confiar em nenhum personagem, pois cada um guarda, esconde ou omite segredos relevantes para seus propósitos. É claro que dizer que todos os personagens são culpados beira a histeria, afinal, um filme de pouco mais de 90 minutos soaria superficial demais para conseguir cobrir várias camadas. Dito isso, vou falar um pouquinho de “A Mulher na Cabine 10”, que acabou de chegar à plataforma da Netflix, mais precisamente no dia 10 de outubro de 2025. Só para lembrar, esse filme é baseado no livro homônimo da autora inglesa Ruth Ware.

O componente psicológico é a mola central para que “grudemos” a atenção na protagonista, a jornalista Lo Blacklock (Keira Knightley), que retorna ao trabalho após uma breve pausa em função de uma matéria de campo produzida e publicada por ela que infelizmente terminou com a morte de uma pessoa. Essa morte em questão é mostrada em flashbacks picotados das lembranças da jornalista, algo importante para o que virá pela frente. Logo no primeiro dia no escritório, em poucos minutos à frente do computador, a jornalista recebe um convite tentador: escrever uma matéria in loco sobre milionários que passarão o final de semana em alto-mar para celebrar um evento filantrópico. A paisagem natural é um ponto de impacto, golaço da produção!

A bordo da viagem inaugural do iate Aurora Borealis, os convidados foram recebidos por champagne chique, passando por um rito de boas maneiras, como por exemplo a obrigatoriedade de tirar os calçados antes do embarque, nada como uma introdução tranquila e didática. Os personagens são caricatos, todos com caras, bocas e olhares aleatórios, mas sempre com os seus egos monetários exalando futilidades em cada frase. Empresário, socialite, influencer, roqueiro, médico, fotógrafo paparazzi e seguranças “altamente” profissionais, todos em cena para promoverem um final de semana inesquecível em alto-mar. O casal anfitrião e “podres” de rico são formados pelo Richard Bullmer (Guy Pearce) e Anne Bullmer (Lisa Loven Kongsli), essa que enfrenta um câncer terminal e que exigiu a presença da jornalista Lo Blacklock na viagem.

Sou compreensivo quando o filme não consegue dar o merecido espaço a muitos personagens, o tempo é curto e existe a necessidade de concentrar forças no núcleo principal, volta e meia destinado a no máximo três (e olhe lá!). Por isso, a sequência de cenas não permite divagações, cada tomada é uma peça de quebra-cabeças, todos vão formando um corpo e ao final, descobrimos a motivação do crime ocorrido. Dentro desse labirinto de fantasias criada por uma mente engenhosa, não era esperado que justamente a personagem principal fosse descobrir fragmentos do “crime perfeito”, chamando a atenção para pessoas preocupadas tão e somente com suas contas bancárias e aparências físicas do que creditar valor a um “grito de socorro” para algo muito grave que aconteceu e que passou despercebido por todos que estavam naquela embarcação.

Estou tentando não dar spoilers, acho desagradável estragar a experiência de quem gosta de investigar por seus próprios instintos. Posso dizer que a “pobre” Anne Bullmer enfrenta um câncer terminal e uma de suas últimas vontades era doar toda sua riqueza para uma instituição de caridade, isso mostrar no primeiro encontro entre ela com a Lo Blacklock, convidada para “melhorar” o texto a ser discursado diante dos convidados. Cansada, ela encerra a conversa e pede que a jornalista retorne no dia seguinte para continuarem com a revisão do texto. É a partir desse instante que muitas coisas passam a ocorrer ao mesmo tempo, talvez por isso o roteiro “entrega de bandeja” informações “mastigadas” para o telespectador.

Algumas cenas de continuidade deixam a desejar, como o momento em que jornalista simplesmente “aceita” a versão de que as câmeras da embarcação estão desligadas por se tratar de um evento privado com pessoas muito importantes da alta cúpula social que requerem privacidade. Por que ela não duvidou disso e tentou à própria sorte descobrir se isso era mesmo verdade? O fotógrafo “boca aberta” que se comporta como um idiota quase que o filme inteiro e em certa parte muda radicalmente de postura, revelando um roteiro consertado como esparadrapo. No mais, alguns personagens são letárgicos em seus papéis, engessados por comportamentos figurantes, com sobressaltos (necessários) aqui e ali. Caminhando para o final, a jornalista se depara com fantasmas psicológicos do último caso em que esteve envolvida, seguida de uma tentativa de homicídio que sofreu no iate, desacreditada por todos.

A Mulher na Cabine 10 merece minha nota 8 (número da cabine da Lo Blacklock), pois entrega mais do que eu mesmo esperava pela curtinha duração. Ainda acho que seria melhor desenrolado se fosse transformada em uma série de 8 episódios ou coisa do tipo, quem sabe isso possa ser realidade no futuro. Tentei não dar spoilers, apesar que o filme faz isso a cada 15 minutos (risos) com suas tomadas autodescritivas. E por último, encerrando minha breve análise, digo: sim, para quase tudo no mundo material, o dinheiro fala ou grita mais alto. Fica a dica!

Até a próxima!

Obs.: prometo falar de música, tema do meu blog (risos).

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