domingo, 20 de julho de 2025

Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado (2025)


Antes de qualquer coisa, não sou um crítico de cinema, apenas e tão somente um apreciador de filmes e séries, condição que me permite escrever sob o ponto de vista de alguém que não precisa mapear detalhes a respeito de qualquer uma dessas produções. Tenho acompanhado algumas críticas negativas a respeito do novo filme intitulado “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado”, lançado no Brasil no dia 17 de julho de 2025. Por envolver nostalgia que remonta a uma época em que eu ainda assistia televisão “largado” no sofá sob a atmosfera do descompromisso natural da idade (os tais boletos ainda eram ficção científica na minha vida – risos), não terei o rigor técnico de um especialista para qualificar sequência de cenas que porventura fugiram do meu agrado.

Um filme que se preza a resgatar o espírito da ideia original, sem perder de vista o farol norteador do tempo presente, certamente terá que enfrentar desafios, pois o público está cada vez mais exigente e menos paciente. A pressa se tornou um critério de pontuação inusitado, superando muitas vezes mensagens subliminares de enredo e aspectos visuais que escapam de uma percepção atenta e focada durante a experiência imersiva. Largar o telefone móvel para assistir a um filme é um esforço homérico, talvez o exercício cultural mais difícil de se realizar hoje em dia. Nesse turbilhão de variáveis temos o tal filme que traz à luz os evitáveis acontecimentos do último verão. Um grupo de jovens provoca culposamente um acidente automobilístico e, diferente do primeiro filme, informam às autoridades locais, tudo para minimizar o remorso coletivo.

Tudo isso aconteceu onde? Em Southport, é claro! Cidade litorânea em que tudo acontece (apesar de não chegar nem perto das esquisitices de Riverdale – risos). Sem spoiler, já que o filme é pão fresco na fornalha dos cinemas, esse grupo passa a ser perseguido por uma figura vestida com uma capa de chuva, um chapéu de pescador (não sabia que pescador tinha esse ornamento!) e um gancho sedento por sangue. Levei uns dois sustos durante a exibição no cinema, o que me deixou tremendamente satisfeito, uma vez que eu conheço a receita desse bolo de nozes (para quem entendeu a analogia), sem contar a presença ilustre dos personagens sobreviventes das histórias anteriores, a Julie (Jennifer Love Hewitt) e o Ray (Freddie Prince Jr.). A nova safra de atores ainda carece de um certo aspecto natural de atuação, acredito que a decoreba de roteiro não seja o antídoto para todos os males, é preciso encarnar e dar vida ao personagem (estou falando algo que na teoria é muito fácil!).

Em vez de despejar críticas cansadas e urgentes de atenção, prefiro atentar às inúmeras possibilidades de roteiro que o filme trouxe, como a minha dificuldade em descobrir a autoria dos assassinatos, por diversas vezes me peguei silenciosamente sendo “desmentido” no cinema. Errei o “assassino” pelo menos umas cinco vezes, não por incompetência, mas por mudanças de direção do roteiro, algumas com êxito, outras nem tanto. Os protagonistas de 1997 e 1998 foram inseridos como aquelas peças de quebra-cabeças com encaixe forçado, meio que na “marra”, mas acabaram entrando na história. Não gostei como foram aproveitados, talvez aí seja um sangramento difícil de ser estancado. Como eu vejo o lado positivo, só o fato deles terem topado a empreitada, independente do motivo, já me deixou alegrinho (risos). Muitos falarão em desperdício de talento, pode até ser, mas ainda insisto na nostalgia, uma carta alta nesse jogo de subjetividade.

Outra coisa a ser considerada é a atmosfera criada dentro da sala de cinema. Um telão gigante, poucas pessoas presentes e um silêncio quase absoluto faz toda a diferença. Mesmo que o filme não seja bom, a experiência nessas condições realmente aflora um bom voto de confiança. Nada contra os dubladores, mas assistir legendado é para mim como manter o espírito dentro do corpo do ator/atriz. Em outras palavras, nada e ninguém conseguiu atrapalhar minhas impressões positivas, mesmo porquê se eu for tomar as impressões e análises somente pela ótica dos canais na internet, sobrarão poucas opções para eu assistir ou mesmo ficarei dividido entre os que atiram pedras com os que oferecem salva de palmas. Uso os canais como referência para elucidação de cenas que eu não entendi, não para buscar opinião pessoal, vou pela objetividade, pois a subjetividade é indispensavelmente um aspecto que não abro mão de tomar frente.

Em determinado momento o filme aborda um assunto que é tão delicado quanto as anteninhas de uma formiga operária: a questão psicológica das pessoas. Como solucionar traumas? É possível extraí-lo do ser humano afetado? Ou simplesmente “adormecer” o problema em um quarto trancado da alma para sempre? Partindo dessa Caixa de Pandora que reside em cada indivíduo, é possível refletirmos sobre aspectos que possam acionar gatilhos que jamais acreditávamos que poderiam emergir à superfície. É nesse instante que eu percebo como a engrenagem pode ruir com um simples desarranjo comportamental. Talvez o filme não tenha desenvolvido com a clareza necessária as cenas dessa natureza para melhor assimilação do telespectador, o que não invalida a intenção do enredo em escancarar um problema silente que assola dezenas de milhares de pessoas.

Antes de encerrar, e sobretudo pontuando sobre algumas cenas, não gostei de determinadas continuidades (ou falta delas), pois isso deixou margem para o roteiro receber uma enxurrada de críticas. Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado não é uma sumidade em excelência, ainda mais porque se passaram quase 30 anos dentro desse universo expandido de Southport (que continua com uma paisagem natural exuberante), onde novos personagens foram introduzidos, com a imperiosa missão de atender gregos, troianos e varzeanos. E claro, aos críticos barulhentos (risos). Filmes como esse precisam ter clichês e cenas malfeitas (mesmo que acidentalmente) para que sejam cultuados no futuro, assim fazemos com produções antigas, pois vai se criando uma espécie de charme que melhora com o tempo. Assisto com olhar de entretenimento, sem o peso obrigatório e muitas vezes intrínseco da profissão de “precisar” gostar para escrever boa resenha ou não gostar para listar 480 erros. Talvez a despretensão seja o tal “pulo do gato” dentro da minha realidade.

Nos vemos por aí, em breve!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dúvidas, Críticas ou Sugestões