segunda-feira, 7 de abril de 2025

Filmes que vi e não gostei

Queridos amigos, estive um pouco ausente por diversas razões que provavelmente renderiam um bom livro de histórias aleatórias. Nos últimos dois meses fiz diversas atividades, desde corridas de rua, treinos bem aproveitados na academia, shows de rock pela cidade de São Paulo, cervejada com amigos depois do trabalho e outros que tais. Mas deixando de lado as minúcias de minha vida privada, quero trazer dois filmes que assisti recentemente e mesmo com toda boa vontade planetária, eu não consegui criar algum laço de ternura com essas produções. Escrever sobre coisas que gostamos é uma grande moleza, mas pontuar as decepções é um desafio que raramente conseguimos com excelência sem avacalharmos um pouco além do que o assunto analisado merece. Let’s go!

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Não é o fim



Começando pelo filme “Não é o fim” (It’s Not Over – Itália/2022), que traz a história de um casal que enfrenta problemas no casamento. Enquanto o marido é um médico daqueles plantonistas no horário noturno/madrugada, a esposa (Sarahvivida pela atriz Weronika Rosati) é uma fotógrafa com bastante potencial e que tenta manter a casa em ordem nas horas de folga. Para incrementar a história com querosene, ela trai o marido com uma certa frequência (Albert – John-James Colvin) nos momentos em que ele não está em casa – todo esse contexto é apresentado nos primeiros quinze minutos de filme. Ocorre que o marido é uma figura extremamente violenta, especialmente quando está alcoolizado, chegando às vias de fato contra sua esposa por motivos que beiram o ridículo (cobranças sem nexo ou fora de sintonia para a ocasião, coisa típica de quem perde o controle com a bebida.

Um belo dia o marido aparece morto dentro da casa, aparentemente golpeado na cabeça, na qual as autoridades chegando rapidamente à conclusão de que ele escorregou e teve um traumatismo craniano após a queda. Começo do filme e as coisas vão sendo entregues de bandeja, sem contar a falta de tempero dos personagens. Sarah mal cumpre o seu luto e já está com o namorido (Max – Gianni Capaldi) dentro de sua casa, ainda que ele não more lá, mas passa a maior parte do tempo com ela. Reconheço que o ex-amante dela e agora atual namorado é um boa praça, com boas qualidades que toda mulher gostaria de ter em um parceiro. Max é um tanto curioso e ao explorar a casa de sua girl, descobre coisas estranhas, como fotos reveladas de animais mortos (mutilados), registros feitos provavelmente por Sarah. É aí que a coisa toda colorida começa a desbotar.

Sarah não curte muito ser interpelada pelo namorado a respeito de suas atividades profissionais e o clima fica com tendência a azedar entre eles. Até que ela revela que é uma fotógrafa/artista, tentando provar que a natureza do seu trabalho é comum (apesar de ser um tanto incompreendido). Max que é perfeccionista, descobre sem querer uma informação importante a respeito de Sarah e quando se dá conta do que descobriu, é esfaqueado pela moça que minutos atrás fazia juras de amor a ele. Claro que temos uma morte bem chocante, afinal, o cara mais legal do filme já não estava mais entre nós. Sarah desaparece com o corpo e faz “cara de parede” quando os pais do Max a visitam procurando pelo filho, desaparecido há vários dias. Mais clichês? O pai de Max vai até a polícia e lá se depara com um tira cansado que não faz esforço nem para ir buscar um copo de café, quanto mais abrir investigações sobre o rapaz desaparecido. O detetive (Ian Reddington) tenta enrolar um preocupado Frank (Christopher Lambert) ao dizer que tem responsabilidade com o gasto público (que lição de moral mais infame ao dizer isso a um pai que está a beira de um colapso nervoso?!).

Os dias vão se passando e nada de Max aparecer, só em visões distorcidas e fantasmagóricas nos pesadelos de Sarah. Após quase enlouquecer com visões do ex-namorado, Sarah resolve ir até o local onde enterrou o cadáver e para seu alívio, ele está lá enterrado. Ocorre que ela foi seguida, eis que o restante do filme deixarei a cargo de quem leu até aqui o meu humilde resumo. O que não gostei ao assistir o filme foi a necessidade do diretor em querer explicar cena a cena ao telespectador, praticamente não teve mistério para quem estava assistindo, só a certeza de que a cena seguinte sempre viria com um gabarito completo do momento anterior. Isso desidrata completamente a densidade do mistério e faz evaporar qualquer clima de empatia, é como se o filme fosse obrigado por força de contrato a ser previsível, sem se importar com qualquer outra coisa, haja o que houver.

E claro, fiquei decepcionado com atuações pouco inspiradas e com roteiros decorados a técnicas de Telecurso 2000. No meu perfil pessoal do Instagram até cheguei a dizer que o filme é um bom passatempo para uma tarde de sábado, o que ratifico aqui, porém, se você encontrar coisa melhor pra fazer, diria para esgotar suas possibilidades antes de debruçar sobre esse filme com nota máxima valendo 2 e sem troco! Não disse?! Falar de filme bom é moleza, quero ver ter boa vontade escrita para resenhar algo que não precisamos só descer lenha, mas sim encontrar motivos razoáveis para dizer que poderia ter sido melhor se tivesse adotado um outro caminho. Filme disponível no serviço de streaming do Looke.

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Mistério na Índia



O nome original é “Backwaters” (Estados Unidos/2006), mas a tradução tentou deixar um ar de curiosidade na capa. Outro desperdício cinematográfico que tive a oportunidade de conferir. O meu tempo para ver esse filme nem chegou a ser um problema, segurei as pontas por cerca de 80 minutos e rapidamente “me despedi” dele sem qualquer remorso. O filme mostra um casal aparentemente bem-sucedido, ela uma atriz de cinema (Lili Taylor interpretada por Tamzin Outhwaite) e ele (Andy Becker vivido por Nicholas Irons), um escritor de romances que enfrenta um bloqueio criativo. O casamento deles não é lá essas coisas, e quando eles vão para uma “agitada” festa da alta sociedade, algumas situações já revelam que o caldo vai entornar muito em breve. 

Ainda sobre a festa, enquanto Lili provoca um clima com um importante produtor de cinema (ele aceita sem objeções), seu marido é cobrado pelo seu Agente a respeito do próximo livro, e o desconforto toma “sufoca” o ambiente por não ter a melhor resposta. Momentos depois, a atriz é flagrada pelo marido no “rala e rola” num dos quartos da mansão (o que já azeda de vez o clima para ele, apesar de presenciar a cena sem se fazer alarde, ele se retira do local com a testa doendo). Apesar de alegar ter bebido somente uma dose de uísque, Andy e Lili entram no carro (ela aos trôpega e quase desacordada = teor alcoólico pra lá de Bagdá) e assim vão embora. Ocorre que Andy dorme ao volante e ambos sofrem um acidente.

Depois de um salto temporal de 6 meses, a vida deles seguiu mais morosa que uma tartaruga disputando uma maratona no deserto, ela numa cadeira de rodas e o marido servindo preso a uma vida infeliz, ainda que ileso fisicamente do acidente que acometeu gravemente sua esposa. Os médicos realizam diversos exames nela e nada clínico é detectado, acreditam que um trauma psicológico decorrente do acidente é o que está impedindo Lili de voltar a andar. Ela, que está mais ranzinza do que nunca, fica inconsolável por ninguém conseguir devolver sua autonomia de locomoção, enquanto que um dos médicos sugere que o casal recorra a um tratamento alternativo. Nisso, o irmão da Lily (Jason Weiss, interpretado pelo ator Jason Flemyng) sugere ao casal ir à Índia realizar um tratamento especial, à base de massagens com ervas medicinais.

O casal chega à Índia e Lily é recepcionada como celebridade (a novela em que ela é protagonista está em exibição no país) e rapidamente devolve à mulher uma autoestima que há muito não se via. A relação do casal segue feita como água e óleo, e nesse ínterim, Andy se depara com a belíssima Sara Varghese (Sandra Teles) banhando-se em um lago intimista nos arredores do hotel em que ele está hospedado. Rapidamente eles criam um vínculo perigoso, pois Sara é casada e a câmera mostra alguém observando-os sempre que estão juntos (inclusive nas cenas impróprias para menores de 18 anos). Quando esse triângulo começava a criar forma de “lei do retorno”, Lily desaparece do hotel e reaparece morta na encosta de uma praia. Todas as suspeitas recaem para Andy, que não tem muito como explicar seus sumiços e na única chance que tem, é traído por Sara, que não confirma sua história para a polícia.

Uma história paralela a isso é a filha do policial, uma adolescente que é muito curiosa e está sempre à frente do computador pesquisando (curiando) as coisas, acaba descobrindo que o irmão de Lily não é de sangue, mas devido a uma relação do pai com outra mulher. Essa informação coloca o policial responsável pelas investigações com um dilema, apesar de teimar em manter sua posição de acreditar que Andy é o responsável pelo crime. Seguindo o exemplo do filme anterior, vou parando por aqui, deixarei o tal “Mistério da Índia” no ar, para ver se eu estou exigente demais para não ter gostado de como a coisa toda foi se desenvolvendo na trama. Não gostei pelo excesso de cenas descartáveis e até certo ponto meio que desafiando o intelecto de quem está assistindo.

Essa mistura de romance com mistério seguido de morte talvez quis trazer um pouco de Agatha Christie para a história, mas o resultado foi bem fraquinho, longe de uma sequência cinematográfica marcante, em que o resultado obtido somente os baixos orçamentos são capazes de promover, observado aqui claramente pela falta de recursos para cenas melhores. Ainda que a trama seja manjada pela motivação dos crimes, acredito que a receita pronta poderia ser melhor desenvolvida. É isso meus amigos, a curiosidade falou mais alto e acabei passando por momentos “desafiadores” de resiliência para ver esses filmes. Mas não levem minha opinião como resposta definitiva, convido-os a assistirem essas “tentativas” de longa-metragem, vamos “melhorar” o horizonte perceptivo que não consegui vislumbrar. Nota 3 só porque o filme atravessou o continente. Também no streaming do Looke.


Um comentário:

  1. Poxa a sinopse do primeiro filme até parece ser boa, mas pelo jeito o desenrolar do filme não corresponde as expectativas criadas.

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