quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Descompromissos, cervejas e rock

Desde o meu último texto, escrito e levado ao ar há poucos diasfiz movimentos pouco onerosos para a minha mente. Isso não significa que não descobri coisas interessantes das quais faço questão de dividir neste espaço. Em comum nesse curto período foram as agradáveis degustações de cerveja, cada dia um rótulo diferente, não por capricho, mas consequência de um catálogo de ofertas no supermercado que considerei irrecusável. Quando se está desfrutando de alguns dias de férias, em tempos de exigências para o fiel cumprimento de protocolos sanitários e com algumas modalidades de vírus invisíveis soltos por aí, é uma tarefa difícil programar viagens ou mesmo passeios nessa tempestade de incertezas.

Keith Emerson, Greg Lake e Carl Palmer

Certa vez, lá pelos idos de 2020, fui convidado pelo baterista Marcelo Jorge a conhecer o trabalho do trio britânico “Emerson, Lake & Palmer”, que traz em seu catálogo clássico uma mistura de rock progressivo com rock experimental, mas produzido com um requinte sinfônico, sei lá, não consigo classificar em apenas um gênero, o que mais gosto é o perfeito trabalho dos teclados (Keith Emerson - 1944-2016), produzindo um som limpo, sem outro instrumento competindo pelo mesmo espaço dentro da música. Estou em processo de descoberta dessa banda, tentando criar empatia, me transportando para aquele tempo e assim poder usufruir da melhor sensação possível a obra deles.

Falando em descompromisso, mas sem qualquer sinal de desídia, só o fato de poder fazer as coisas sem uma sequência necessária por esses dias de descanso, me permitiu conhecer outras maneiras de explorar novos universos. E saindo de um filme de guerra, absorvido diante de questões históricas, entrelaçadas entre realidade e ficção, me volto para um álbum da banda ELP chamado “Love Beach”, lançado em 1978. O meu destaque fica por conta das faixas “For You”, uma melodia pra lá de linda e a épica “Memoirs of an Officer and a Gentleman”, com mais de vinte minutos de duração. Descobri que esse álbum foi concebido sob forte imposição da gravadora e que os músicos careciam de criatividade naquele momento, devido ao cansaço físico e mental (afirmado por Emerson Lake numa entrevista anos mais tarde, em 1986). Mesmo tendo ficado um álbum distante se comparado às obras-primas lançadas na primeira parte dos anos 70, as faixas de "Love Beach" não deformam a boa reputação conquistada pela banda.

Falando um pouco sobre as cervejas, quem me conhece sabe com propriedade o meu amor pelas produzidas à base de trigo, são disparadas as favoritas do meu paladar. Mas também aprecio as amargas, passando tranquilamente pela zona de segurança da holandesa Heineken e aos poucos emprestando confiança à recente chegada da alemã Beck’s. Sobre as de trigo, tenho que exaltar com satisfação a Patagonia Weisse, produzida pelos nossos hermanos argentinos, a inspiradíssima belga Hoegaarden, que é produzida aqui no Brasil, além da encorpada Blue Moon, também da Bélgica, mas que só compro quando a promoção é muito boa, já que não tem um preço tão convidativo assim. E tomar uma cerveja dessas enquanto escuta um bom rock n’ roll é uma verdadeira cartase.

Não vou encerrar a conversa sem trazer outra banda de peso, também dos anos 70, com qualidade que me faz refletir em como tudo aquilo era possível diante da ausência dos recursos tecnológicos que temos atualmente. Os canadenses do Bachman Turner Overdrive são o verdadeiro retrato da receita do rock n’ roll conservada dentro de uma garrafa, lançada ao mar e descoberta algumas gerações posteriores. Surgiram em 1973 logo com dois álbuns, ambos levam o nome da banda, com o BTO I lançado em maio e o BTO II chegando no final de dezembro daquele ano. Dentre as músicas que mais gosto cito “Hold Back The Water” e “Blue Collar”, do primeiro álbum, e “Stonegates” e “Takin’ Care Of Business”, essa última um dos maiores sucessos da banda.

Entre um intervalo e outro, principalmente quando acabo de escutar um álbum ou uma boa miscelânea de grandes nomes do rock, faço minhas reflexões e fico rememorando muitas coisas, como a época quando entrei em contato com a música. Foi nos anos 2000, quando tinha 15 anos, para muitos uma idade tardia, mas comigo foi dessa forma, o rock entrou pelos meus ouvidos, sacudiu meu cérebro e conquistou o meu coração. E hoje estou retratando esse ótimo relacionamento de mais de 20 anos, já que o velho rock n’ roll me trouxe não apenas música, no mesmo pacote vieram novas amizades, descobertas e oportunidades. Sou grato.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

O peso da escrita

Quando eu escrevo, penso bastante em cada palavra, principalmente pela preocupação em escrever coisas verdadeiras, citar fatos concretos e deixar bem claro o momento em que passo para o campo da minha opinião, pois esta não é baseada necessariamente pelo posicionamento de um conceito pré-definido, é o espaço da minha percepção para aquilo que estou avaliando e a partir daí o caminho está totalmente aberto para aqueles que concordam, discordam ou se abstém de tomar posição, tudo perfeitamente bem-vindo no universo democrático. Quando eu abordo sobre determinada banda ou artista, estou colocando em questão os pontos que me motivaram a dividir com as pessoas o que despertou o meu interesse, não significa que eu não gosto de falar sobre outras bandas que não entraram naquele prisma. Se eu falo sobre Deep Purple, é simplesmente porque estou falando sobre Deep Purple, não é uma mensagem subliminar de que estou evitando outra banda ou negando qualquer outra coisa. Se eu puder e tiver saúde mental para escrever sobre o máximo de bandas possíveis, pode ter certeza que o farei com o maior prazer, a minha ideia é difundir o rock através das minhas modestas percepções e estimular a curiosidade das pessoas.

Recentemente tive contato com diversas bandas de um cenário mais distante das grandes mídias, ou seja, foi através do trabalho de pesquisas e mais pesquisas que encontrei esses trabalhos. E a experiência, válida por si só independente do resultado, foi positiva mais uma vez. Bandas como Night, por exemplo, merece ser trazida à luz do dia. Não estou me referindo à banda formada em Los Angeles em 1978 e que possui dois álbuns em sua discografia, mas sim da versão homônima criada na Suécia em 2011 e que produz um hard rock e heavy metal com distinta qualidade. Em 2020 eles lançaram o álbum “High Tides – Distant Skies” que oferece um som equilibrado (sem alternância de momentos bons e regulares ou ruins). Me agradou bastante a ponto de eu comprá-lo em versão “jewel case” no site brasileiro da Hellion Records (www.hellion.com.br).


Outra banda que tive a oportunidade de descobrir vem da Áustria, a Küenring, formada em 2010. O meu primeiro contato com eles foi exatamente pelo final, através do último álbum lançado, o “Neon Nights”, que chegou ao mercado no final de abril de 2021. Eles correm por algumas vertentes dentro rock, passando pelo hard rock, speed metal (preciso entender melhor essa definição) e o heavy metal. Até agora não encontrei solução rápida para adquiri-lo, o caminho provavelmente será comprar através do site oficial da banda, cuja primeira prensagem encontra-se esgotada. Nos encontros futuros aqui no blog falarei mais a respeito da banda e desse ótimo trabalho lançado, com linhas de vocais e guitarras bem definidos, captando facilmente a atenção do ouvinte. Como aperitivo, pesquisem a faixa “Demon” desse álbum, começa com violões e termina com um contagiante trabalho de guitarras.

Para quem gosta dos anos 80 e não abre mão dessa década por nada deste mundo, trago uma banda de um disco apenas, mas que entrega logo de cara um material digno de continuidade, pena que o projeto não seguiu em frente. Trata-se a banda britânica Jagged Edge, com o álbum “Fuel For Your Soul”, lançado em 1990. Formada em Londres, eles enquanto unidade tiveram vida curta dentro do rock, mas deixou sua marca com um glam rock digno de resenhas e que não pode ser esquecido. Conheci essa banda depois de ver uma postagem do Grey Robinson, roqueiro de Birmingham, no Instagram. Tanto que a foto que utilizo foi extraída da página dele. E aqui deixo registrado o meu agradecimento e gratidão.

Me disseram que os textos para blogs devem ser curtos, pois as pessoas não chegam até o final, seja por falta de tempo, preguiça ou qualquer outra razão. Momento que peço licença para discordar, quem está interessado em conhecer mais sobre algo vai até o fim, mesmo que seja para discordar integralmente depois. Não pretendo reduzir meus textos para alcançar possíveis leitores que “passam os olhos rapidamente” pela página, essa não é e nunca foi a intenção das publicações dos meus textos. E dessa forma eu fico por aqui, mas com a garantia de que em breve trarei novidades, existe muito rock sendo criado por aí, o planeta guarda muitos segredos, o meu (nosso) desafio será descobrir essas preciosidades. Que os riffs de guitarras guiem os nossos passos para novas descobertas!