Quando eu quero escrever sobre rock, sou imediatamente surpreendido, me deparo com coisas inacreditáveis dos anos 1960 e 1970, penso em parar com os devaneios escritos e me deleitar com as bandas que acabaram de entrar no meu caminho. Às vezes me considero um tanto atrasado, entendam isso como “desprovido de mais curiosidade”, culpa exclusivamente minha por me conformar com o alcance “visível” das sugestões padronizadas da tela inicial do YouTube, que é baseada numa série de combinações que não faço a menor ideia de como funciona. Felizmente esses anos de letargia acabaram, consegui com muito custo atravessar a cachoeira.
A partir desse momento, um novo capítulo surge diante de mim, parece que estou num sonho, nele as bandas de rock, heavy metal, rock progressivo, funk e primos dessas linhas interagem, conversam animadamente, arrumam suas confusões inerentes da rebeldia, se harmonizam nos momentos que as guitarras “gritam”, são regidos por pesadas baterias e as cordas do baixo são como arames farpados em que os dedos de seus mentores raspam como se quisessem tirar a ferrugem com seu próprio sangue. Na mesma toada uma enxurrada de bandas tocam seus melhores acordes e algumas delas recebem o passe livre para atravessar a mesma cachoeira da qual eu vim, mas seguindo o caminho inverso, invadindo o mundo comum.
Tive o privilégio de ser agraciado com trabalhos incríveis, uma banda inglesa que chamou logo de cara a minha atenção foi a Wishbone Ash, com o álbum “Argus”, de 1972. Os caras possuem alcances alienígenas, sei lá, não consigo encontrar outra explicação que não seja uma espécie de “ajudinha” extraterrestre, só isso me convence para tamanha compreensão musical naqueles anos. A tecnologia esbarrava nos limites tímidos da época enquanto eles enxergavam o futuro a olho nu! Impossível! Mas era possível, é como se eu jogasse uma lupa sobre o passado e descobrisse nas quase imperceptíveis miudezas segredos que ficaram para trás e hoje valem milhões de batidas compassadas no meu coração.
Pontuando o trabalho contido no belíssimo disco “Argus”, escutem a faixa “Sometime World” (Ás vezes o mundo), você se perguntará se a execução da guitarra solo foi feita por mãos puramente humanas. E mais do que isso, o diálogo dessas guitarras me impressiona. Em “The King Will Come” (O Rei chegará) tem uma levada instrumental limpa, gostosa de ouvir, uma curta passagem é contada na letra, com repetição de longos refrões. O álbum possui somente 7 faixas e todas são ricas em qualidade instrumental, provando que é possível gravar um excelente disco com poucas faixas. Destaco também a música “Leaf and Stream” (Folha e Riacho), que apresenta uma história de reflexão com o testemunho in loco da natureza. A dúvida que fica: trata-se de um sonho ou realidade? Essa fica para a assimilação de cada um…
Informações adicionais:
Andy Powel – guitarra solo e vocais
Ted Turner – guitarra solo e vocais
Martin Turner – baixo e vocais
Steve Upton – bateria
Faixas do álbum Argus:
1. Time Was
2. Sometime World
3. Blowin’ Free
4. The King Will Come
5. Leaf And Stream
6. Warrior
7. Throw Dowb The Sword
____________________________________________
Para ser bem franco com o vocês, esse foi até o presente momento o primeiro e único trabalho que conferi da banda (para efeito de curiosidade, Argus é o terceiro álbum deles). Eles possuem uma extensa discografia, com mais de 30 discos de estúdio lançados e ainda estão na ativa. Podem ter certeza que em breve voltarei aqui para trazer outros discos do Wishbone Ash, que sem dúvidas tem uma importante, rica e essencial presença eternizada na história do rock. Existe a versão remasterizada desse disco, lançado em 2002, que conta com quatro faixas bônus, sendo três delas execuções ao vivo.
Nos trabalhos de bastidores, enquanto escrevia o texto, deixei o disco tocando, aproveitando o agradabilíssimo som enquanto as linhas acima eram preenchidas com meus rascunhos mentais. Minhas fontes de pesquisa foram o Wikipedia (somente para os nomes dos integrantes), que tratei prontamente de ratificar isso com outras fontes da internet, para não incorrer em equívocos, evitando-se assim trazer informações erradas. Para o próximo encontro, estou com vontade de falar sobre o trabalho solo de Dave Evans (primeiro vocalista do AC/DC) ou talvez eu apresente a vocês alguma banda obscura dos anos 70. Bom, ainda não sei, nos vemos em breve!