domingo, 14 de março de 2021

Conversa sobre música e passado

Aqui estou novamente para conversar sobre rock, pensei em vários assuntos, mas só espero mesmo que as linhas a seguir sejam bem aproveitadas. O momento mundial não permite uma “conversa de bar”, talvez a ideia de um quarto ou uma sala para, individualmente, a prosa ser desenvolvida de maneira virtual com outras pessoas (felizmente a tecnologia permite certas adequações). Bom, quando eu chegar ao final dessa tentativa de reunir algumas ideias sobre música, talvez eu reveja a direção do farol desta postagem. Só para pontuar o que escrevi acima, dificilmente vou a bares só para conversar, o som ao vivo da noite é que me estimula a sair ou não de casa.

Dusty Springfield e Paul MacCartney, em 1964

Estou escrevendo este texto direto do conforto do meu quarto e com mais ninguém senão o meu espírito inquieto sendo brindado pela garrafa de “Casillero del Diablo” que acabei de tomar nesta bela tarde de terça-feira (dia 09 de março de 2021). É fácil e muito prazeroso falar de AC/DC, KISS, The Rolling Stones e Aerosmith ou qualquer outro espectro com qualidade de som e imagem que possa captar a atenção de modo a mudar ou envolver os rumos da intenção musical de alguém. Bandas que surgiram entre os anos de 60 ou 70 e até hoje seguem firmes como alicerces inquebrantáveis de qualquer boa discografia particular.

O meu desafio é mais ousado, peço que você continue se deleitando dessas ótimas bandas de rock aclamadas pelo tempo do século passado e que transita tranquilamente por nossos dias presentes. Penso ser oportuno que o seu leque seja um pouco mais aberto a bandas menos “conhecidas” e que merecem ser descobertas, lembradas ou revividas. É o caso, por exemplo, dos norte-americanos “Mark Farner & Don Brewer”, com o álbum Monumental Funk, de 1974 ou os canadenses do “Spring Fever”, com o disco Woodstock, de 1970. Menciono também a banda “Poobah”, também dos Estados Unidos, debutando com o álbum Let Me In, de 1972.

Alguns dias se passaram antes da minha retomada por aqui (estamos no dia 13 de março de 2021), só espero que sua atenção comigo siga mais um pouquinho adiante. Conheci há pouco tempo a encantadora Dusty Springfield, com o pop soul envolvente do disco See All Her Faces, de 1972. Pode parecer proposital, e de certa forma acabou por ser essa a intenção, mas para cada grande e consagrada banda que eu citei neste texto, trouxe à luz outras descobertas “arqueológicas” que considero valiosas e imprescindíveis para qualquer apreciador de boa música.

Entendo e aceito sem qualquer objeção que existem muitos programas que facilitam a vida das pessoas com listas automáticas, aleatórias ou criadas com poucos cliques, mas é importante que você não perca a curiosidade em vasculhar e assim descobrir coisas que estão lá para serem encontradas e que se ninguém for atrás, elas continuarão cada vez mais distantes, estando palpáveis somente para um pequeno contingente de audaciosos. Em outras palavras, saia momentaneamente da sua zona de conforto para depois retornar com novidades e assim ser uma pessoa cada vez mais interessante, com recursos e possibilidades.

Ainda sobre o álbum See All Her Faces, sugiro a belíssima “Yesterday When I Was Young”, traduzida e adaptada na versão em inglês por Herbert Kretzmer do original francês “Hier Encore”, de 1964, que foi escrita e interpretada originalmente por Charles Aznavour (1924-2018), emprestada na linda voz de Dusty Springfield, que traz um arranjo instrumental dirigido pela orquestra do renomado Peter Knight (1917-1985). Em 1972 ainda não existia o CD, essa versão foi relançada nesse formato em 2002, porém, é extremamente difícil de encontrar, as poucas unidades que localizei (usadas) são oriundas do site Discogs e com valores que superam os duzentos reais.

Bom, a conversa não se esgota aqui, porém eu preciso terminar o texto – risos. Voltarei em breve, sem avisar, para trazer mais tesouros perdidos do universo da música. Quem nunca se imaginou vestindo o espírito inquieto de um “Indiana Jones” e se aventurando à caça de trabalhos musicais ou de outra ordem cultural que foram feitos com muito amor e profissionalismo, considerando os meios disponíveis da época em que foram idealizados e que são capazes de atravessar gerações sem perder o brilho e eternizar momentos?

Obs.: estou satisfeito pela direção que as linhas acima tomaram, portanto, não farei alterações no farol que norteou as minhas considerações aqui afirmadas e sugeridas.